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Este microbook é uma resenha crítica da obra:
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ISBN: 978-8571107953
Editora: Zahar
O homem do mundo líquido encontra dificuldades em seu convívio social, marcado por inseguranças, riscos e ansiedades. Seus relacionamentos são influenciados pelo ritmo das mudanças constantes e tendem a sofrer muitas oscilações. As pessoas anseiam pela segurança de uma companhia confiável, porém desconfiam da ideia de relações permanentes. O resultado é a presença de desejos conflitantes de estreitar laços e ao mesmo tempo, mantê-los frouxos.
Inicialmente, Bauman sugere ao leitor uma comparação entre o amor e a morte. No sentido em que ambos possuem uma chegada única, inesperada e definitiva. Não se aprende a amar, do mesmo modo que não se aprende a morrer. No entanto, o amor desfruta de um status particular do de outros eventos únicos.
Na modernidade, o significado da palavra amor passou a ser mais abrangente, alcançando até mesmo as experiências mais breves. O “apaixonar-se” tornou-se uma condição mais recorrente, permitindo repetições. Dessa maneira, alimenta-se uma expectativa na próxima experiência, pois há uma grande oferta de novas possibilidades amorosas. Porém, o autor alerta sobre um grande risco: a ilusão de se pensar o amor como uma habilidade adquirida, possível de ser acumulada com a prática.
Mas o amor não se desenvolve em um ambiente estável, propício a formar hábitos. E por ser assim tão imprevisível, ele dificulta a tarefa do aprendizado. Em referência ao poeta romano Lucano, Bauman reforça a ideia lembrando que “é da natureza do amor ser refém do destino”. Ele acontece entre dois seres, cada um na condição de ser a incógnita do seu parceiro. Nessa premissa contraditória, abrir-se ao destino significa então convocar o medo e o prazer a entrarem simultaneamente em nossas vidas amorosas.
O problema é que em uma cultura consumista como a nossa, a experiência amorosa tornou-se outra mercadoria. A busca pela satisfação instantânea, pelo produto que permita um uso imediato e um fácil descarte contaminaram o cerne da relação amorosa. E o homem moderno acostumou-se com garantias de plena satisfação. Consequentemente, ele fica desconfortável ao entrar em terras inexploradas sem nenhum aparelho GPS. A falta de orientação assusta. A abertura para o desconhecido tem a aparência de um precipício.
O amor torna-se, frequentemente, tão atemorizante quanto a morte. Porém, essa incerteza do campo amoroso é diluída em meio à tentação do desejo e do excitamento. Assim, ele também assume a forma de um jogo que vale a pena participar, apesar de seus riscos. O caráter contraditório está no fato de que se apaixonar parece tão atrativo quanto escapar da paixão.
O desejo e o amor são considerados irmãos. Por vezes gêmeos, porém nunca univitelinos. Isso pode confundir aqueles que adentram no imprevisível mundo das relações amorosas.
O desejo é a vontade de consumir, devorar, destruir. E o desejo é satisfeito apenas quando deixa de existir. Em sua essência, ele é um impulso de autodestruição. Enquanto que o amor é a vontade de cuidar e de proteger. É um impulso de expansão e proteção. Ele participa da gênese e, posteriormente, busca a imortalidade na relação. O desejo aniquila seu objeto. O amor preserva-o. O desejo se autodestrói, o amor se autoperpetua.
No entanto, para exercer todo esse zelo, o amor utiliza da coerção. Ele prende o seu objeto para protegê-lo. Ele é capaz de projetar um futuro que será construído com os pilares do compromisso. Porém, em nosso mundo líquido, amarrar o futuro é algo irrealizável, embora apreciado. O quanto as promessas de compromisso são relevantes a longo prazo, em um mundo onde o hábito consumista insiste em buscar a satisfação instantânea?
Quando uma mercadoria se torna obsoleta, ela é descartada. Perde sua condição daquilo que “antes foi desejada”, pois foi consumida e tornou-se ultrapassada. Busca-se a troca por uma nova mercadoria, que agrade mais. O atual desejo está no novo objeto. Se os relacionamentos transmitem tanta incerteza em relação à sua durabilidade, como o homem moderno suportaria a oferta dos novos produtos?
É que o compromisso está relacionado ao nosso grau de satisfação com o relacionamento. Fazendo uma analogia com investimentos em ações, a segurança existe na expectativa do retorno, do lucro esperado. Porém, tanto o mercado de ações quanto o “mercado do amor” não são garantias de satisfação plena e duradoura.
Pelo contrário, o relacionamento é uma incerteza permanente. E o compromisso firmado, por sua vez, acaba intensificando a insegurança que dominava o amante em seu período passado de solidão. A ansiedade atende por outros nomes, mas não abandona o indivíduo.
Esse coquetel reúne doses constantes de ansiedade e de insegurança. A tendência é se embebedar e agir de modo irracional. O voo que era para ser tranquilo, fica então marcado de instabilidades e turbulências.
O medo de separar-se, por sua vez, é um prato cheio para o desejo de mudar o outro. Muitas vezes também, cria-se a ilusão de que agradar ao parceiro eternamente irá resolver o problema. No entanto, o fracasso dos relacionamentos é frequentemente uma falha na comunicação. O agir irracionalmente, presente nas decisões do apaixonado, compromete os diálogos dentro da relação.
O indivíduo confunde a adoração do ser amado com a autoadoração. Isso gera vários equívocos na hora de pensar em um futuro compartilhado. Se o amante apenas projeta na pessoa amada as coisas que ele mesmo ama, buscando um espelho, seu amor é narcisista. Ele procura um reflexo projetado em outra pessoa que seja capaz de reconhecer sua glória e diminuir sua insegurança.
O que o indivíduo muitas vezes ignora é que também passamos por constantes metamorfoses. As pessoas mudam em velocidade cada vez mais rápida. Fica difícil, inclusive, reconhecer sua própria projeção na pessoa amada. Ele não é mais o mesmo de quando resolveu firmar o compromisso. A ideia apresentada é de que unir-se, significa viver um futuro indefinido. E é difícil incorporar futuros totalmente compartilhados aos presentes individuais parcialmente compartilhados.
Dessa maneira, a expectativa de uma identidade compartilhada irá sempre nos frustrar. Pois essa identidade, tal qual o rio de Heráclito, está em constante transformação. E isso alimenta uma descrença na unidade. O homem sem vínculos acaba se interessando mais pela arte de romper minimizando danos. Ele não é “ensinado” a constituir relacionamentos e a buscar reparos. Ele está acostumado a descartar produtos e a consumir os próximos.
Ele recebe diariamente conselhos da mídia sobre como resolver seus problemas amorosos. Os veículos de comunicação, agentes que promovem o consumismo, são também os terapeutas modernos. A solução apresentada é buscar mais redes e menos vínculos. Os vínculos podem tornar-se duradouros e isso assusta. As redes pressupõem a permissão de “conectar-se” e “desconectar-se” de uma maneira bem mais prática.
As alternativas modernas apresentam possibilidades mais flexíveis, adequadas ao estado líquido das relações sociais. Sustentam o ímpeto por estreitar laços e, ao mesmo tempo, mantê-los frouxos. O impulso pela liberdade e a ânsia por pertencimento tentam guiar, simultaneamente, o amor líquido por entre os recifes da solidão e do compromisso.
Bauman começa o capítulo relembrando o pensamento de Lévi-Strauss. Instiga uma reflexão acerca do sexo e o modo como a natureza e a cultura se encontram no ato sexual.
O desejo sexual é a inclinação “natural” humana mais social. E de maneira incontestável, uma vez que a satisfação depende do convívio humano. Há muito tempo que o sexo não é apenas um meio de reprodução da espécie humana. Hoje a medicina compete com ele por essa responsabilidade. Afinal, a modernidade líquida também possui uma maneira particular de lidar com a chegada de filhos - ou com a escolha por não tê-los.
Antigamente, os filhos somavam-se à força de trabalho dos pais. Eram produtores. Sua chegada representava uma expectativa de melhora no bem-estar do lar. Além disso, eles eram a maneira de prolongar a duração da família. Havia o valor de se ter um filho para não deixar a linhagem familiar morrer.
Hoje em dia, o filho é um objeto de consumo emocional. A satisfação esperada é relacionada ao seu custo. É uma das aquisições mais caras para o homem moderno. E é uma decisão que envolve consequências de grande e imprevisível alcance. Os pais diminuem suas ambições pessoais por tempo indeterminado. É um tipo de obrigação evitado por cada vez mais pessoas, pois se choca com o cenário líquido moderno.
Torna-se mais comum a procura de muitos pais por clínicas e institutos médicos que vendam garantias de gestações mais seguras. Doadores mais atraentes ou mapeamentos genéticos eficazes. A separação entre o sexo e a reprodução tem a anuência do poder e a benção do consumismo.
O sexo representa um desejo de “fusão total” por meio de uma “ilusão de união”. Essa fusão física é buscada pelos que anseiam escapar do medo da solidão. Porém, a união é ilusória. Apesar de intensa, ela é transitória, periódica. E ao final, após realizado o desejo, ela traz a frustração.
O sexo hoje em dia está sobrecarregado de expectativas que superam sua capacidade de realização. Ele é promovido como um símbolo ideal da parceria humana e oferecido, de maneira comercial, em grande abundância.
Anteriormente, nas amarras da sociedade patriarcal e puritana, o sexo era relacionado ao amor, à ideia de segurança e continuação da família. Atualmente ele se livrou de muitos tabus mas tomou uma proporção que não resolveu antigas contradições. Agora o sexo é submetido à soberania da líquida razão moderna. Essa razão enxerga opressão onde há compromissos duradouros e desestimula o direito aos vínculos. A racionalidade do consumidor insiste em encurtar a distância entre o impulso e a satisfação.
Ele apresenta outras válvulas de escape modernas, como os clubes que promovem as trocas de casais. Uma “sabotagem” ao matrimônio feita em dupla, em que ambos participam e não se culpam pelo adultério. Mesmo assim, ressalta que é mais uma alternativa que não é capaz de garantir o fim das frustrações. O homo sexualis está condenado a permanecer para sempre incompleto e irrealizado.
Passando pelo pensamento de Durkheim, ele chama atenção para uma nova ferramenta da sociabilidade: a “realidade virtual”. Um dos agentes responsáveis pela coerção externa ao indivíduo no campo das relações. As conexões virtuais estimulam a separação entre a comunicação e o relacionamento. A rede eletrônica popularizou-se pela facilidade de cortar conexões, minimizando os danos. Ela traz a possibilidade de conexões humanas mais frequentes, mais banais, mais intensas e mais breves. Procura substituir a qualidade das relações por uma oferta baseada na quantidade. A possibilidade de não precisar mais estar à disposição quando o outro precisa atraiu muitos usuários.
Isso é um reflexo da sociedade que valoriza as quantidades. Uma sociedade que quantifica a felicidade e o bem-estar social pelo consumo, pela quantidade de dinheiro circulante. E os seres humanos que não participam da economia monetária são marginalizados e julgados inferiores. O padrão de vida consumista é o aceito e incentivado. Enquanto que os vínculos sociais, a solidariedade e o amor ao próximo são enfraquecidos e desestimulados.
Nesse capítulo, a questão da humanidade é mais problematizada. Bauman quer levar o leitor a refletir sobre as bases que fundamentaram a passagem do instinto de sobrevivência para a moralidade.
A questão de amar o próximo como amar a si mesmo parece muito distante dos valores que se estabelecem em nossa modernidade líquida. O homem moderno questiona-se sobre o quanto vale a pena amar o próximo. Mais uma vez, ele quantifica ganhos e perdas em situações onde a compaixão é cada vez mais esquecida.
Nada mais contraria tão fortemente a natureza original do homem quanto esse gesto de amar o próximo como amar a si mesmo. Aceitá-lo e segui-lo é um ato de fé, que reconhece a humanidade no sujeito e no próximo.
O conceito de amor-próprio também é lembrado e discutido. Ele existe como um estímulo a permanecer vivo, à sobrevivência. Qualidade também presente nos animais. Porém, os humanos também são capazes de construir amor-próprio a partir do amor que é recebido. No momento em que percebe que é a amado, o ser humano reconhece em si uma importância singular. Ele sente que não é descartável.
Amar o próximo como a si mesmo é um gesto de respeito à singularidade de cada um, reconhecendo o valor das diferenças. Mas nos cenários urbanos, o que vemos é a aversão ao “estranho”. A dignidade dos outros é esquecida quando se exalta a sobrevivência a qualquer custo. E esse é um quadro muito retratado nas grandes cidades. Elas cada vez mais promovem um isolamento entre seus próprios cidadãos nativos.
A arquitetura urbana promove os muros e a segregação. As novas habitações clamam por segurança e vigilância. Como é possível amar o próximo em uma atmosfera de tanta desconfiança?
Trazendo opiniões distintas sobre as inclinações naturais humanas, Bauman mostra como hoje em dia funciona o jogo da sobrevivência. A suspeita em relação ao próximo e a aversão ao estranho. O constante alerta e a vigília frente às armadilhas dos laços humanos. A compaixão e a confiança podem custar caro, é arriscado investir seus sentimentos onde o convívio social parece habitar uma terra arrasada.
Bauman abre o último capítulo do livro trazendo uma reflexão acerca da xenofobia. O ódio étnico, a aversão ao estrangeiro. Um sentimento hostil alimentado por uma moderna soberania, que define os limites da humanidade.
Essa moderna soberania, fundamentada na tríade Estado - Nação - Território - é a responsável por conferir os direitos aos cidadãos. E de tirá-los também. É a soberania dos passaportes, vistos de entrada e saída, alfândegas, controles de imigração. É a soberania que garante a proteção a um problema criado por ela mesma.
O mundo é dominado por Estados que estabeleceram sua soberania em territórios nacionais. Essas formas de governo e de controle social atuam em um espaço global, delimitando nosso modo de agir e impondo as formas de convívio social. Nossas instituições de ação política, no entanto, permanecem locais.
Ao mesmo tempo em que somos bombardeados com problemas globais, temos um poder de ação limitado na esfera local. As pessoas que participam dessa ordem social frequentemente buscam culpados para suas frustrações. Esses culpados geralmente são apontados em agrupamentos dos que estão fora dessa ordem social.
A questão dos refugiados passa a ser abordada no final pois é um dos principais exemplos de problemas criados globalmente, mas que exigem soluções locais. Muitos nativos despejam suas inseguranças modernas, suas frustrações e seus medos na conta de refugiados.
Pessoas que fogem de perseguições políticas, guerras e epidemias. Pessoas que passam a viver de maneira transitória em qualquer local que lhe permita sobrevivência. Mas os refugiados não possuem a sensação de pertencimento ao território em que são abrigados. Eles tornam-se vítimas isoladas geograficamente, que permanecerão assim por um período indeterminado.
O mundo líquido moderno é caracterizado por estar em constante movimento. A velocidade das transformações sociais acaba atropelando importantes aspectos do convívio humano. Os laços estão cada vez mais frágeis, as relações afetivas cada vez mais volatizadas. A exclusão social, a facilidade com que segregamos espaços e pessoas é sustentada pelo nosso principal modelo soberano de governo e pela nossa política da vida moderna líquida.
Em nenhuma outra época a intensa busca por uma humanidade comum foi tão urgente e imperativa. O consolo que nos resta é o fato de que a história ainda segue em um processo constante de construção.
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Zygmunt Bauman foi um filósofo polonês, professor emérito de sociologia, além de sociólogo e estudioso das relações humanas. Ele, em sua trajetória, escreveu diversos livro... (Leia mais)
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